Mostrando postagens com marcador Maduro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Maduro. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Russia declares support for Maduro. What now?

(Putin receiving Maduro in his official residente near Moscow, on December 5th, 2018. Promise of political support.)

          Amid Venezuela's severe social, political and economic crisis, Vladimir Putin has called for President Nicolas Maduro to express support to his authority as country's president. Several countries around the world, such as US, Canada, France and Brazil, declared they don't recognize Maduro's new term and has considered Juan Guaidó, National Assembly's president, as the legitimate President in charge.

          In the message, Putin stated that "the worsening of the internal political crisis" is "provoked from outside the country", in allusion, although not exclusive, to the US, and that this interference is a "gross violation" of international law. 

          Noting the votes at the UN, international alliances and statements of Moscow and Washington, mainly after Russia annexed the Crimea and started to sponsor a war in eastern Ukraine, its clear that Venezuela is an ally of the Russians and serves as a Kremlin's space of presence in a region traditionally influenced by the US.

          Last December, Russia sent two Tupolev Tu-160 Blackjacks bombers to Venezuela to carry out military exercises with the local armed forces, where they stayed from day 10 to 14. On day 12, they performed aerial maneuvers lasting 10 hours over the Caribbean Sea. The Tu-160s were introduced in November 2017 and were designed to realize more than 10 thousands kilometers flights being capable to carry nuclear warheads.

          The bomber's presence in Venezuela was a double message to the US, which recently abandoned a treaty over nuclear warheads singed with the Soviets in 1987 (Intermediate-Range Nuclear Forces Traty, INF, which Trump claimed of being violated several times by the Russians) and has being raising the tone of criticism against Maduro's dictatorial government. It may also be a response to the support given to Ukraine by the Americans in the Kerch Strait crisis in November 2018. Secondarily, its also a message to Jair Bonsonaro's Brazil, the largest country in Latin America, which has been a harsh critic of Caracas and seeks an alignment with Washington.

(Tupolev Tu-160)

          There's also the possibility of Russia establishing a military base in the Venezuelan island of La Orchila, in the Caribbean Sea, what would ensure permanent presence of troops in the region and would supplant logistic difficulties, such as displacement and supply of aircrafts such as Tu-160. Although Russian interest in the place is more than then years old and this possibility is unclear, a base in La Orchila would imply in a change in US-led military security in the Americas.  

          The Russian presence is also a way of reaffirming its aliance with Caracas. Between 2016 and 2017, Moscow lent at least U$ 17 billion to Venezuela, and in December 2018 (when Maduro met Putin) promised U$ 6 billion more in investment in oil industry and gold exploration. Such debts are in part paid with oil and the participation of Russian state-owned Rosneft in Venezuelan PDVSA's businesses. In the political field, Maduro has been a staunch Moscow's supporter is its geopolitical actions, such as in Ukraine and neighbouring countries.

          The question that remains in these tension days for the Venezuelans is: will Russia act before the treat of a possible Maduro's downfall? In a tense moment, the possibility of Caracas asking Moscow for a last-minute help stays open since, such as Putin's phone call showed, if the current political crisis is caused by a foreign intrvention would be legitimate for other foreigners (the Russians) to come in denfense of Maduro. In addition, the Russians have much to lose with a possible government's downfall, not only money and contracts, but also a possible mid-term military presence in the Caribbean Sea, region traditionally influenced by Washington. The picture that hasn't been seen in the Americas since the 1962 Missile Crisis could repeat, albeit to a lesser extent than the tension which almost led the world to a nuclear war.

* Published in Portuguese on January 24, 2019.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Rússia declara apoio a Maduro. E agora?

(Putin recebendo Maduro em sua residência oficial perto de Moscou, em 5 de dezembro de 2018. Promessa de apoio político.)

          Em meio à grave crise social, política e econômica que atinge a Venezuela, Vladimir Putin telefonou para o presidente Nicolas Maduro para expressar apoio à sua autoridade como presidente do país. Diversos países do mundo, como EUA, Canadá e Brasil, declararam não reconhecer o novo mandato de Maduro e consideraram Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como presidente encarregado legítimo.

          Na mensagem, Putin afirmou que "a piora da situação política interna" é "provocada de fora do país", um alusão, ainda que não exclusiva, aos EUA, e que essa interferência é uma "grosseira violação" da lei internacional.

          Observando as votações na ONU, as alianças internacionais e as declarações de Moscou e Washington, principalmente depois que a Rússia anexou a Crimeia e passou a patrocinar uma guerra no leste da Ucrânia, fica claro que a Venezuela é um aliado dos russos e que serve como espaço de presença do Kremlin numa região tradicionalmente influenciada pelos EUA.

          Em dezembro passado, a Rússia enviou dois bombardeiros Tupolev Tu-160 Blackjacks à Venezuela para realizar exercícios militares com as forças armadas locais, onde ficaram do dia 10 a 14 de dezembro. No dia 12, realizaram manobras aéreas com duração de 10 horas sobre o Mar do Caribe. Os Tu-160 foram apresentados em novembro de 2017 e foram projetados para realizar voos de mais 10 mil quilômetros de distância sendo capazes de carregar armas nucleares.

          A presença dos bombardeios na Venezuela foi um duplo recado para os EUA, que abandonou recentemente um tratado sobre ogivas nucleares assinado com os soviéticos em 1987 (Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, INF em inglês, que Trump acusou ter sido violado várias vezes pelos russos) e vem aumentando o tom das críticas ao governo ditatorial de Maduro. Também pode ser uma resposta ao apoio dado pelos americanos à Ucrânia na crise do Estreito de Kerch, em novembro de 2018. De forma secundária, é também um recado ao Brasil de Jair Bolsonaro, maior país da América Latina, que tem sido duro crítico de Caracas e busca um alinhamento com Washington. 

(Tupolev Tu-160)

          Há também a possibilidade da Rússia estabelecer uma base militar na ilha venezuelana de La Orchila, no Mar do Caribe, o que garantiria presença permanente de tropas na região e suplantaria dificuldades logísticas, como o deslocamento e abastecimento de aviões como o Tu-160. Ainda que o interesse russo no local tenha mais de dez anos e esta possibilidade não seja clara, uma base em La Orchila implicaria numa mudança da segurança militar das Américas liderada pelos EUA.  

          A presença russa também é uma forma de reafirmar sua aliança com Caracas. Entre 2016 e 2017, Moscou emprestou pelo menos U$ 17 bilhões à Venezuela, e em dezembro de 2018 (quando Maduro encontrou Putin) prometeu mais U$ 6 bilhões em investimentos na indústria de petróleo e na exploração de ouro. Tais dívidas são pagas em parte com petróleo e a participação da estatal russa Rosneft em negócios da venezuelana PDVSA. No campo político, Maduro tem sido um firme apoiador de Moscou nas suas ações geopolíticas, como na Ucrânia e países vizinhos. 

          A questão que fica nestes dias tensos para os venezuelanos é: a Rússia vai agir ante a ameaça de uma possível queda de Maduro? Num momento de tensão, fica em aberto a possibilidade de Caracas pedir a Moscou ajuda de última hora, já que, como mostrou o telefonema de Putin, se a crise política atual é causada por interferência estrangeira seria legítimo que outros estrangeiros (os russos) viessem em defesa de Maduro. Ademais, os russos têm muito a perder com uma eventual queda do governo, não só dinheiro e contratos, mas também uma possível presença militar a médio prazo no Mar do Caribe, região tradicionalmente influenciada por Washington. O quadro que não se vê nas Américas desde a Crise dos Mísseis de 1962 poderia se repetir, ainda que num grau menor do que a tensão que quase levou o mundo a uma guerra nuclear.