segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Putin: promise of support (and the need) of the BRICS

(7th BRICS Conference in Ufa, Russia. July 2015.)

          On the last day of 2018, Vladimir Putin sent New Year´s messages to the presidents of the four BRICS countries, Brazil, India, China and South Africa. In the messages, promises were made to maintain strategical cooperation with each one of them as well as the bloc´s joint cooperation in the international organizations. 

          Emphasis on bilateral cooperation was given to China. Putin said the partnership between the two countries is at an "unprecedented level". With GDP expected to grow only 1,7%, a partnership with the world second-largest economy with a growth rate around 6% is key. Its worth to remember that in July 2014, Russia and China made U$ 400 billion deal for the sale Russian natural gas to the Asian giant. In times of tension with the Western countries and the inflow of liquefied gas from US to Europe since April 2016, Russia leans to Asia searching for support and money.

          As for Brazil, there may be changes in the relationship with Russia. Putin also send New Year´s congratulations to the new president-elect, Jair Bolsonaro. But Bolsonaro has indicated, on several occasions throughout his campaign, the intention of approaching the US and Israel. The choice of the new chancellor, Ernesto Araújo, a strong supporter of a pro-Western policy, as his article "Brazil in the boat of Ulisses" (in portuguese) makes clear, should mean, if not some distancing, at least a displeasure for Moscow. Alexander Dugin, founder of the Eurasian Movement and the most influential thinker in Russia´s military and political circles, stated in Facebook that Bolsonaro is a "ultra-liberal authoritarian" and that supports the left in Brazil, explaining in another post that it is a non-globalist left. This indicantes a possible rejection of the new president by the Kremlin.

          In the last years, the BRICS has shown opposition to the US and the Western attitudes in the global arena. Russia, China and Brazil (up to the Dilma government) have been the main actors in this regard. Brazil´s new role in the world is still open, but for Russia regions such as Asia and Europe have greater relevance, particularly the military partnership with China and its gigantic commodity market.
          

domingo, 30 de dezembro de 2018

Putin: promessa de apoio (e a necessidade) dos BRICS

(7ª Conferência dos BRICS em Ufa, Rússia. Julho de 2015.)

          No último dia de 2018, Vladimir Putin mandou mensagens de Ano Novo aos presidentes dos quatro países dos BRICS, Brasil, Índia, China e África do Sul. Nas mensagens, foram mandadas as promessas de manter a cooperação estratégica com cada um deles bem como a coordenação conjunta do bloco nos organismos internacionais.

          A ênfase nas cooperações bilaterais foi dada à China. Putin disse que a parceria entre os dois países está num "nível sem precedentes". Com a previsão de crescimento do PIB em modesto 1,7%, uma parceria com a segunda maior economia do mundo com taxa de crescimento na casa dos 6% é fundamental. Cabe lembrar que em julho de 2014, Rússia e China fecharam um acordo de U$ 400 bilhões para venda de gás russo para o gigante asiático. Em tempos de tensão com os países ocidentais e a entrada de gás natural liquefeito dos EUA para a Europa desde abril de 2016, a Rússia inclina-se à Ásia em busca de apoio e dinheiro.

          Quanto ao Brasil, pode haver mudanças na relação com a Rússia. Putin também enviou felicitação de Ano Novo ao novo presidente eleito, Jair Bolsonaro. Mas Bolsonaro indicou, em diversas ocasiões ao longo da campanha, a intenção de aproximar-se dos EUA e de Israel. A escolha do novo chanceler, Ernesto Araújo, um forte apoiador de um política pró-Ocidente, como deixa bem claro seu artigo "O Brasil no barco de Ulisses", deve significar, se não algum distanciamento, ao menos um desagrado à Moscou. Alexander Dugin, fundador do Movimento Eurasiano e pensador mais influente nos círculos políticos e militares da Rússia, afirmou pelo Facebook que Bolsonaro é um "autoritário ultra-liberal" e que apoia a esquerda no Brasil, explicando, noutra postagem, se tratar de uma esquerda não globalista. Isto indica uma possível rejeição ao novo presidente pelo Kremlin.

          Nos últimos anos, os BRICS têm mostrado oposição às atitudes dos EUA e do Ocidente em geral na arena global. Rússia, China e Brasil (até o governo Dilma) têm sido os principais sinalizadores neste sentido. A nova atuação do Brasil no mundo ainda está em aberto, mas para a Rússia regiões como Ásia e Europa têm maior relevância, em particular a parceria militar com a China e seu gigantesco mercado de commodities. 

          

Belarus: ally of Russia, but not so much

(Putin of Rússia, Lukashenka of Belarus, and Poroshenko of Ukraine.)

          In recent years, Belarus has shown signal of ditachment from Russia, mainly since the annexation of Crimea in 2014, not recognized by the Minsk government, at the same time as it has sought a rapproachement to the West. The official position is to search for a more independent foreign policy, not so much tied to Moscow.

          On 27th December, an economist from Belarus State University warned of possibility of the Weatern countries creating a movement against Moscow and install a pro-Western government in Minsk. These countries would be politically and financially promoting people comitted to this agenda. This narrative is common among members and supporters of the Russian government, who seek, some times in a deribelately exaggerated way, for a "fifth column" in their territory. The background of the argument, as expected, the wave of protests that in February of 2014 toppled president Yanukovich, in Ukraine, and gave way to the rise of the Pietro Poroshenko´s pro-Western government.

          In another episode on last 24th, the country´s president, Alexander Lukashenka, said he would refer to Russia not as a "fraternal state", but only as a "partner", which in the Russian political language is a much more vague term of varied interpretation. According to him, its like the Russians see his country. Although its only rhetorical, the words coming from a leader in power since 1994 indicate a Minsk´s tendency to distance himself from Moscow. Lukashenka has accumulating a number of pronouncements in this sense. 
       
          Russia, however, regards Belarus a key neighbor, given the possibility of expanding it´s political and military action to the Europe´s borders, as it was exemplified by the Zapad, a major military training conducted in September 2007 just in Western Belarus, near the border with Poland. At that time, up to 100 thousand soldiers of both countries were deployed. Despite this sort of cooperation, the Lukashenka government resists the idea of permanent presence of foreign troops in its territory, also referring to Russia, which plans a military base in the neighboring territory.

          Despite Belarus being culturally very similar to Russia and dependent on its commercial products, especially natural gas, in recent years Lukasehnka has shown not so faithful to his most powerful partner. Its a few safe position for a small country that has by its side a giant that militarily occupies three of its neighboring countries.                    

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Bielorrússia: aliado da Rússia, mas nem tanto

(Putin da Rússia, Lukashenka da Bielorrússia e Poroshenko da Ucrânia.)

          Nos últimos anos, a Bielorrússia tem dado sinais de distanciamento em relação à Rússia, principalmente desde a anexação da Crimeia em 2014, não reconhecida pelo governo de Minsk, ao mesmo tempo em que tem buscado uma aproximação com o Ocidente. A posição oficial é de busca por uma política externa mais independente, não tão atrelada à Moscou.

          Neste dia 27, um economista da Universidade Estatal da Bielorrússia alertou da possibilidade dos países ocidentais criarem um movimento contra Moscou e instalar um governo pró-Ocidente em Minsk. Estes países estariam promovendo política e financeiramente pessoas comprometidas esta agenda. A narrativa é comum entre membros e apoiadores do governo russo, que buscam, por vezes de forma propositalmente exagerada, por uma "quinta coluna" em seu território. O pano de fundo do argumento, como não poderia deixar de ser, foi a onda de protestos que em fevereiro de 2014 derrubou o presidente Yanukovich, na Ucrânia, e deu passagem para a ascensão do governo pró-Ocidente de Pietro Poroshenko. 

           Noutro episódio no último dia 24, o presidente do país, Alexander Lukashenka, disse que passará a se referir à Rússia não como um "Estado fraternal", mas apenas como "parceiro", que na linguagem política russa é um termo muito mais vago e de variada interpretação. Segundo ele, é como os russos vêem seu país. Ainda que seja apenas retórica, as palavras vindas de um governante no poder desde 1994 indicam a tendência de distanciamento de Minsk em relação à Moscou. Lukashenka vem acumulando uma série de pronunciamentos neste sentido.

          A Rússia, porém, considera a Bielorrússia um vizinho fundamental, dada a possibilidade de expandir sua ação política e militar até as fronteiras da Europa, como ficou exemplificado pelo Zapad, grande treinamento militar realizado em setembro de 2017 justamente no oeste da Bielorrússia, próximo à fronteira com a Polônia. Na ocasião, foram mobilizados até 100 mil militares de ambos os países. Apesar deste tipo de cooperação, o governo Lukashenka resiste à ideia da presença permanente de militares estrangeiros em seu território, fazendo referência também à Rússia, que planeja uma base militar no territória vizinho.

           Apesar da Bielorrúsia ser culturalmente muito similar à Rússia e dependente de seus produtos comerciais, principalmente o gás natural, nos últimos anos Lukashenka tem se mostrado não tão fiel ao seu parceiro mais poderoso. Uma posição pouco segura para um pequeno país que tem ao seu lado um gigante que ocupa militarmente três de seus países vizinhos.   
          

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Lithuania: KGB´s files reveal link with the Russian Church

(Kirill, Patriarch of the Russian Church, Putin and Medvedev.)

          On the 20th December, Lithuania has released some former KBS´s files (country was under Soviet rule from 1944 to 1991) which shows the institution´s link with the Moscow Patriarchate. Nowadays, there are some hierarchical members of the Russian Orthodox Church who have been (or are) involved with the Russian secret service, now called FSB, among them Metropolitan Alexandr of Riga, leader of the Latvian Orthodox Church linked to Moscow.

          Paul Goble says that in the Putin era the penetration of the secret service penetration into the Russian Church has increased aiming, he comments, of using ecclesial property to cover up it´s business. The church is also one of the ideological basis of the government, which stands as defender of traditional values and Christianity, seeking trying to expand it´s influence outside Russia.

        It must to be considered that the release of the files has come precisely in time of tension among Moscow, Kyiv and Constantinople around the formation of a new Ukrainian Orthodox Church, hitting the Russian Church´s imagem and thus helping in it´s demoralization among the Orthodox faithful. Given Lithuania´s history of opposition to Russia, the files´ opening at this time doesn´t seem a coincidence.


Lituânia: arquivos da KGB revelam ligação com a Igreja Russa

(Kirill, Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Putin e Medvedev.) 

          No último dia 20, a Lituânia divulgou alguns arquivos da antiga KGB (o país ficou sob domínio soviético de 1944 a 1991) que mostram o vínculo da instituição com o Patriarcado de Moscou. Atualmente, há membros da alta hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa que estiveram (ou estão) envolvidos com o serviço secreto russo, hoje chamado FSB, entre eles o Metropolita Alexandr de Riga, líder da Igreja Ortodoxa Lituana vinculada a Moscou.

          Paul Goble afirma que na era Putin a penetração do serviço secreto na Igreja Russa aumentou com o objetivo, comenta, de utilizar as propriedades eclesiais para encobrir seus negócios. A igreja também é uma das bases ideológicas do governo, que se coloca como defensor dos valores tradicionais e do cristianismo, buscando expandir sua influência fora da Rússia.

          Há de se considerar que a divulgação do arquivo veio justamente no período de tensão entre Moscou, Kiev e Constantinopla em torno da formação de uma nova Igreja Ortodoxa Ucraniana, atingindo a imagem da Igreja Russa e, portanto, ajudando na sua desmoralização entre os fiéis ortodoxos. Dado o histórico de oposição que a Lituânia faz à Rússia, a abertura dos arquivos neste momento não parece uma coincidência.