domingo, 30 de dezembro de 2018

Putin: promessa de apoio (e a necessidade) dos BRICS

(7ª Conferência dos BRICS em Ufa, Rússia. Julho de 2015.)

          No último dia de 2018, Vladimir Putin mandou mensagens de Ano Novo aos presidentes dos quatro países dos BRICS, Brasil, Índia, China e África do Sul. Nas mensagens, foram mandadas as promessas de manter a cooperação estratégica com cada um deles bem como a coordenação conjunta do bloco nos organismos internacionais.

          A ênfase nas cooperações bilaterais foi dada à China. Putin disse que a parceria entre os dois países está num "nível sem precedentes". Com a previsão de crescimento do PIB em modesto 1,7%, uma parceria com a segunda maior economia do mundo com taxa de crescimento na casa dos 6% é fundamental. Cabe lembrar que em julho de 2014, Rússia e China fecharam um acordo de U$ 400 bilhões para venda de gás russo para o gigante asiático. Em tempos de tensão com os países ocidentais e a entrada de gás natural liquefeito dos EUA para a Europa desde abril de 2016, a Rússia inclina-se à Ásia em busca de apoio e dinheiro.

          Quanto ao Brasil, pode haver mudanças na relação com a Rússia. Putin também enviou felicitação de Ano Novo ao novo presidente eleito, Jair Bolsonaro. Mas Bolsonaro indicou, em diversas ocasiões ao longo da campanha, a intenção de aproximar-se dos EUA e de Israel. A escolha do novo chanceler, Ernesto Araújo, um forte apoiador de um política pró-Ocidente, como deixa bem claro seu artigo "O Brasil no barco de Ulisses", deve significar, se não algum distanciamento, ao menos um desagrado à Moscou. Alexander Dugin, fundador do Movimento Eurasiano e pensador mais influente nos círculos políticos e militares da Rússia, afirmou pelo Facebook que Bolsonaro é um "autoritário ultra-liberal" e que apoia a esquerda no Brasil, explicando, noutra postagem, se tratar de uma esquerda não globalista. Isto indica uma possível rejeição ao novo presidente pelo Kremlin.

          Nos últimos anos, os BRICS têm mostrado oposição às atitudes dos EUA e do Ocidente em geral na arena global. Rússia, China e Brasil (até o governo Dilma) têm sido os principais sinalizadores neste sentido. A nova atuação do Brasil no mundo ainda está em aberto, mas para a Rússia regiões como Ásia e Europa têm maior relevância, em particular a parceria militar com a China e seu gigantesco mercado de commodities. 

          

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