sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Bielorrússia: aliado da Rússia, mas nem tanto

(Putin da Rússia, Lukashenka da Bielorrússia e Poroshenko da Ucrânia.)

          Nos últimos anos, a Bielorrússia tem dado sinais de distanciamento em relação à Rússia, principalmente desde a anexação da Crimeia em 2014, não reconhecida pelo governo de Minsk, ao mesmo tempo em que tem buscado uma aproximação com o Ocidente. A posição oficial é de busca por uma política externa mais independente, não tão atrelada à Moscou.

          Neste dia 27, um economista da Universidade Estatal da Bielorrússia alertou da possibilidade dos países ocidentais criarem um movimento contra Moscou e instalar um governo pró-Ocidente em Minsk. Estes países estariam promovendo política e financeiramente pessoas comprometidas esta agenda. A narrativa é comum entre membros e apoiadores do governo russo, que buscam, por vezes de forma propositalmente exagerada, por uma "quinta coluna" em seu território. O pano de fundo do argumento, como não poderia deixar de ser, foi a onda de protestos que em fevereiro de 2014 derrubou o presidente Yanukovich, na Ucrânia, e deu passagem para a ascensão do governo pró-Ocidente de Pietro Poroshenko. 

           Noutro episódio no último dia 24, o presidente do país, Alexander Lukashenka, disse que passará a se referir à Rússia não como um "Estado fraternal", mas apenas como "parceiro", que na linguagem política russa é um termo muito mais vago e de variada interpretação. Segundo ele, é como os russos vêem seu país. Ainda que seja apenas retórica, as palavras vindas de um governante no poder desde 1994 indicam a tendência de distanciamento de Minsk em relação à Moscou. Lukashenka vem acumulando uma série de pronunciamentos neste sentido.

          A Rússia, porém, considera a Bielorrússia um vizinho fundamental, dada a possibilidade de expandir sua ação política e militar até as fronteiras da Europa, como ficou exemplificado pelo Zapad, grande treinamento militar realizado em setembro de 2017 justamente no oeste da Bielorrússia, próximo à fronteira com a Polônia. Na ocasião, foram mobilizados até 100 mil militares de ambos os países. Apesar deste tipo de cooperação, o governo Lukashenka resiste à ideia da presença permanente de militares estrangeiros em seu território, fazendo referência também à Rússia, que planeja uma base militar no territória vizinho.

           Apesar da Bielorrúsia ser culturalmente muito similar à Rússia e dependente de seus produtos comerciais, principalmente o gás natural, nos últimos anos Lukashenka tem se mostrado não tão fiel ao seu parceiro mais poderoso. Uma posição pouco segura para um pequeno país que tem ao seu lado um gigante que ocupa militarmente três de seus países vizinhos.   
          

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