(Edifício Lubyanka, em Moscou, antiga sede da temida KGB e atual sede da FSB. O serviço passou por diversas nomenclaturas desde sua fundação em dezembro de 1917. É difícil saber onde termina sua atividade e começa a do Estado russo.)
Ao final do meu comentário disse que era provável que a história divulgada pelo relatório da FSB não era verdadeira dado o histórico do serviço secreto russo, sucessor a famosa KGB soviética e da qual surgiu o próprio Vladimir Putin. Mas esta conclusão era genérica dado que conheço muito pouco sobre este órgão, que age, como diz seu nome, nos bastidores e é frequente objeto de discussão entre analistas que têm dificuldades em mensurar seu real poder na Rússia atual.
(Analista político ucraniano Anton Shekovtsov: um dos principais pesquisadores sobre a relação entre o Kremlin e a rede de contatos com a extrema-direita europeia.)
Shekovtsov diz que a tentativa de ataque terrorista era uma operação psicológica (psyop) criada pela FSB no contexto da chamada "situação da Crimeia" cujo o objetivo era aumentar a pressão sobre a Ucrânia e os países ocidentais que impuseram sanções econômicas contra a Rússia. Ele explica que esta atuação tem paralelo com a "Operação Trust" da década de 1920 criada pela então serviço secreto soviético. Na época, a OGPU (futura KGB) criou um falso grupo de monarquistas e anticomunistas para atrair os reais militantes destas causas. Como resultado, os militantes foram reunidos, identificados e eliminados pelo regime, bem como desbaratado sua rede de contatos no país e no exterior.
(Agente identificados pela sigla "FSB", em russo, numa operação antiterrorista [seria na Crimeia?])
Cronologicamente esta operação faz sentido quando levamos em consideração que antes da prisão dos supostos terroristas, na noite de 7 para 8 de agosto, no dia 6 já havia grande movimentação de comboios russos na cidade de Kerch em direção à Crimeia. Uma guerra no campo de batalha vem sempre acompanhada de uma guerra de propaganda o que torna mais previsível a compreensão da estratégia, mas quando o serviço secreto entre em cena o cálculo do problema fica mais complicado. Caso contrário o serviço secreto não seria "secreto". Ele está lá para criar confusão, confundir o inimigo e armar a arapuca para os reais combatentes, como os militantes nacionalistas ucranianos que foram apresentados como reais mentores do terrorismo enquanto que a armadilha da guerra era planejada em escritórios na Rússia.
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